Meu relógio de mergulho precisa de válvula de hélio?
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Neste post voltamos ao fundo do mar para detalhar um dispositivo singular: a válvula de hélio. Trata-se de uma tecnologia criada para relógios de mergulho, mas nem todos os relógios deste segmento têm ou devem ter. E a primeira questão é: qual a finalidade da válvula de hélio se ela não é essencial para os relógios de mergulho? É o que vamos explicar.
Na década de 1960, Bob Bart, que prestava serviços à Marinha americana, foi a uma feira de relógios. Lá ele visitou vários stands, mas nenhum com o relógio que atendia às suas necessidades. Foi no espaço da Rolex que ele teve a oportunidade de explicar o que precisava ter em seu relógio.
Bart atuava com mergulho saturado. Existe a prática esportiva, mas ele era mergulhador profissional e prestava manutenções em águas profundas. Para segurança, Bart era colocado em uma câmera de compressão, chamada também de câmara hiperbárica ou “scuba”. Estas câmeras eram usadas por Bart e são apropriadas para mergulho superior a 300 pés de profundidade (91 metros).
Para você ter melhor compreensão do que se trata, pense em uma plataforma e em um grupo de profissionais que precisam fazer manutenção de um oleoduto. Para melhor execução deste trabalho, por exemplo, as câmeras hiperbáricas são usadas. Dentro delas, os profissionais respiram Heliox – uma mistura de oxigênio e hélio. E acreditava-se que os relógios de mergulho pudessem ser usados em manutenções submarinas, pois funcionavam normalmente. Mas, quando usados dentro destas câmeras apresentavam problemas no processo de retorno à superfície.
Para submergir, estas câmeras passam por estágios de despressurização, para diminuir a chance de que um mergulhador tenha uma embolia devido à pressão elevada a que está exposto em águas profundas. E voltando ao Bob Bart: quando ele passava por este processo de submersão, seus relógios, às vezes, trincavam e até paravam de funcionar.
O executivo da Rolex “comprou” o problema de Bart e desenvolveu, junto à sua equipe, um relógio que tivesse um dispositivo para manter a integridade dos componentes do relógio, bem como seu perfeito funcionamento. E mais: oferecer segurança aos mergulhadores profissionais que atuam em câmeras de compressão. É imensurável apontar os perigos que um relógio pode oferecer quando acumula pressão, pois a caixa e vidro podem estourar. E depois de alguns meses, foi, então, criada a válvula de hélio – que é ativada por um pino lateral à caixa e regula a pressão interna do relógio – usada no momento em que o mergulhador profissional está no processo de despressurização, no retorno à superfície.
Para quem não atua neste segmento específico de mergulho não é indicado o uso de relógio com a válvula de hélio. Isso porque em alguns modelos o dispositivo é manual e, se não estiver com a manutenção em dia e/ou não estiver com o pino fechado corretamente, pode permitir a entrada de água dentro do relógio e comprometer parcial ou completamente o funcionamento do relógio.
No decorrer dos anos, a Rolex deixou de ser a única fabricante a oferecer relógios de mergulho com válvula de hélio. São vários modelos e logo abaixo, você confere alguns que são destaque:
Sea-Dweller e Rolex Deepsea
Ultrarresistentes, os modelos Rolex foram criados para quem deseja ter um relógio em águas extremamente profundas. O Sea-Dweller foi lançado em 1967 e é impermeável até 1.200m. E o Rolex Deepsea, lançado em 2008, é resultado de anos de pesquisa e aprimoramentos. Em 2014, a Rolex lançou uma versão especial: o Rolex Deepsea com mostrador D-blue, para comemorar o mergulho solo de James Cameron ao fundo da Fossa das Marianas. O relógio não foi usado dentro de uma câmera hiperbárica: foi colocado do lado de fora do scuba, mas apresentou perfeito funcionamento a 11.000m de profundidade – o ponto mais profundo do mar.
Omega Seamaster Ploprof
A Omega lançou o primeiro relógio da linha Seamaster Ploprof em 1971, com autonomia até 600m de profundidade. A marca justifica o nome: um diminutivo para expressão francesa “plongeur professionnel”, que quer dizer mergulhador profissional. Esta linha teve pouquíssimas peças criadas e por isso são modelos visados por colecionadores. Os primeiros modelos criados (Seamaster 600 e 1000 – de 1971, 1972 e 1976) mesmo com o passar dos anos ainda são robustos e eficazes – o Seamaster 1000, por exemplo, é tido como “O Grande”.
A marca investiu em aprimoramentos e, em 2016, lançou relógio de especificações similares, porém mais resistentes, com capacidade para mergulho de até 1200m – o Seamaster Ploprof 1200M. A aparência é bem parecida, no entanto, o modelo mais recente foi equipado com caixas em titânio, em alguns modelos as lunetas são de cerâmica e recebem tecnologia exclusiva da marca: Omega Co-Axial e Master Chronometer, que oferecem resistência magnética e melhor desempenho de todas as funções em águas profundas.
Orient Scuba Diver
A Orient apresentou como opção mais acessível, o modelo diver especialmente para os amantes deste tipo de peça. Trata-se do Relógio Orient Poseidon. Tem a válvula de hélio e conta também com coroa rosqueada e uma pulseira de poliuretano de alta resistência. Os ponteiros são fluorescentes e tem autonomia para mergulhos de até 300m de profundidade.
Gostou de saber mais sobre relógios? Neste post falamos sobre a válvula de Hélio e o próximo pode ser um detalhe de seu interesse. Basta entrar em contato e nos contar o que deseja ter mais informações. Esta e outras curiosidades você encontra aqui, no Blog da Impala Relojoaria.